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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Filhote de Peixe-Boi é resgatado em praia no litoral norte da Paraíba



Graças à união entre moradores, pescadores, monitores e técnicos de instituições ambientais do litoral norte da Paraíba, foi dado o direito de vida a um animal da espécie que atualmente é considerada o mamífero aquático mais ameaçado do país.

Na madrugada do dia 1º de janeiro, pescadores da Praia de Campina, em Rio Tinto (PB), avistaram um filhote de peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) encalhado na Praia do Oiteiro (PB). O grupo entrou em contato com a equipe da Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) que está atuando na Área de Proteção Ambiental da Barra do Rio Mamanguape, com o Projeto Viva o Peixe-Boi Marinho – patrocinado pela PETROBRAS, através do Programa Petrobras Socioambiental.

Acompanhada pelos monitores da APA da Barra do Rio Mamanguape/ICMBio, a equipe da FMA foi ao local prestar o atendimento adequado ao animal e realizar o resgate. O peixe-boi marinho estava aparentemente bem e se tratava de uma fêmea com ainda resquícios do cordão umbilical.


O pescador que encontrou o filhote o batizou de Vitória. No momento da operação de resgate, moradores locais e os técnicos da FMA e da APA da Barra do Rio Mamanguape tentaram localizar nas proximidades da região do encalhe, a mãe do filhote ou algum grupo de peixes-bois marinhos para verificar a possibilidade de o animal ser devolvido ao mar. Como não foi identificado, o animal teria poucas chances de sobreviver sozinho, já que se tratava de um filhote que necessitaria dos cuidados da mãe até aproximadamente dois anos de idade (período em que ocorre o desmame). Assim, as equipes envolvidas o deslocaram para a base da APA, localizada no estuário da Barra do Rio Mamanguape.

A equipe do Centro Mamíferos Aquáticos (CMA), localizada na Ilha de Itamaracá (PE), foi comunicada e seguiu até o local da ocorrência na Paraíba para realizar o deslocamento de Vitória até Itamaracá, onde vem recebendo os cuidados necessários desde então. De acordo com últimas informações do CMA, o filhote apresenta comportamento satisfatório e está se alimentando bem.

O filhote Vitória só teve chance de vida por um conjunto de ações favoráveis, que foram desde as orientações transmitidas aos moradores em campanhas de sensibilização e informação realizadas pela FMA, que possibilitaram a comunicação dos pescadores às organizações competentes em realizar o resgate do animal em tempo hábil, até a contribuição das instituições envolvidas (APA e CMA) na ocorrência.

Em casos de encalhe de peixe-boi marinho e de qualquer mamífero aquático, vivo ou morto, a Fundação Mamíferos Aquáticos (FMA) alerta: o primeiro procedimento é comunicar ao órgão ambiental atuante na região ou entrar em contato com a própria FMA, pelos telefones: (83) 9961-1338/ (83) 9961-1352/ (81) 3304-1443. Se o animal estiver vivo, siga as seguintes orientações:

1- Se estiver exposto ao sol, proteja-o fazendo uma sombra;
2- Não o alimente e nem tente devolvê-lo à água;
3- Evite aglomeração a sua volta.

Saiba mais sobre o peixe-boi marinho

O peixe-boi marinho é um mamífero aquático da ordem dos Sirênios, da família Trichechidae. Num ambiente saudável e livre de ameaças, ele pode viver de 50 a 60 anos, chegando a ter aproximadamente 4 metros e a pesar em torno de 500 kg. Apesar de todo este peso e do corpo volumoso, ele é herbívoro, se alimenta de algas, capim-agulha, folhas de mangue, entre outras plantas marinhas. É um animal extremamente dócil, mas que não deve ser tocado e nem domesticado pelos seres humanos.

O peixe-boi marinho é uma espécie que tem características peculiares quanto à procriação. Uma fêmea tem uma gestação que dura 13 meses e passa cerca de dois anos amamentando o filhote. Ou seja, é preciso três a quatro anos para gerar uma nova vida, o que torna ainda mais delicado o trabalho de conservação da espécie.

Neste processo da relação mãe-filhote, é preciso bastante atenção. O ambiente ideal para que a fêmea cuide do filho é aquele que tenha água calma e alimentos ricos em nutrientes que sejam de fácil acesso, ou seja, os estuários e regiões costeiras protegidas. É lá que elas buscam se reproduzir, parir e descansar. Com o comprometimento destas áreas costeiras (em decorrência dos assoreamentos, poluição, entre outros fatores) muitas vezes as fêmeas reproduzem em áreas desprotegidas, o que acaba favorecendo para o encalhe dos filhotes.


Quer ajudar a proteger o peixe-boi marinho?

Basta tomar atitudes simples e conscientes, como:

- Não jogar lixo nas praias, pois o mesmo ocasiona a poluição do mar e estuário, acarretando danos diretos aos peixes-bois marinhos, que acabam confundido o lixo com comida, podendo ficar doentes e até morrer;

- Não construir casas e estabelecimentos em áreas de manguezais, pois é lá que se concentram diversos nutrientes necessários para a alimentação do peixe-boi marinho, sendo ainda o local de reprodução e descanso da espécie;

- Ao utilizar embarcações motorizadas, ter especial atenção nas áreas de ocorrência da espécie, pois a hélice das embarcações podem ferir os animais;

- Evitar ancorar embarcações em áreas com bancos de corais, fanerógamas marinhas (capim-agulha) e algas-marinhas.

Fonte: Fundação Mamíferos Aquáticos

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